quarta-feira, dezembro 30, 2009

Desculpas não se pedem evitam-se

O título deste post é uma deixa que abomino. É o tipo de frase que usam os pobres de espírito, os que não sabem perdoar, os que têm mau perder e que adoram encontrar um momento menos bom do “amigo” para lhe mandar à cara acusações disparatadas.

São aquelas pessoas que se matam a trabalhar, não por benefício próprio ou para ajudar, mas sim para poder atirar à cara dos outros que trabalham mais do que eles…

São aquelas pessoas que têm um rei na barriga e não conseguem cheirar os seus próprios defeitos nem que estes lhe cagassem em cima.

São aqueles que namoram e ficam duas semanas sem falar com o parceiro porque discutiram sobre o voo rasante do colibri amarelo que habita na floresta do caralho mais velho.

São gentinha que como dizia o outro, não vale um vintém.

Não usem esta frase perto de mim ou estão apresentados…

terça-feira, dezembro 22, 2009

Depressões

Esta é aquela altura do ano mais propensa a depressões. E eu não sou excepção. Dou por mim varias vezes a chorar de cada vez que vejo um cãozinho abandonado, ou se a lua está cheia e se reflecte no rio em frente a minha casa… ou ainda se descasco cebola!

Pronto, ou então não… Mas acho que as meninas curtem ouvir um gajo admitir que chora. Estou só a ver se resulta. O que é certo é que nesta altura do ano anda tudo parvo, triste… irritadiço, duma maneira que só apetece correr tudo à chapada.

E esta posta serve só para animar aqueles amantes do infortúnio que passaram por este blog à espera de mais umas lamechices para chorarem… Eh pá deixem-se disso! Esta vida são dois dias! E o carnaval são três…

Prontes… a modes quiera isto. Parem de chorar senão eu choro também.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Bom Sucesso

Quando era apenas um mancebo imberbe, vivia com os meus paizinhos num local que ironicamente ou não, se chama Bom Sucesso. Ora esta pequena localidade, para além de ser um grande dormitório dos arredores de Lisboa com grandes problemas de estacionamento (qual é a novidade?), tinha uma pequena grande peculiaridade! Era uma montanha…. Uma elevação…vá lá. Toda a bendita localidade foi edificada numa mini montanha. E a minha casinha, para além de ser no segundo andar, era no cimo de tudo. Restavam-me sempre duas opções quando saia da escola (ainda longe da montanha). Ou vinha numa camioneta daquelas que subiam aquilo em primeira e a 10 à hora, ou dedicava-me à nobre arte da escalada e perdia 30 a 45 minutos da minha infância a trepar aquele quilómetro íngreme até casa.

Ora, certo dia vinha eu da escola e não me lembro por que razão, não tinha bilhete ou dinheiro para o autocarro. E que dia tinha sido aquele! Passei mais de duas horas a jogar à bola em furos das aulas e tinha acabado de sair do treino de natação onde já tinha tido uma mão cheia de cãibras. Fui forçado a fazer a prova de montanha de primeira categoria até minha casa.

Das mais de mil vezes que fiz aquele caminho, aquele foi sem duvida o mais tortuoso que fiz. Subir a mini-montanha com a mochila da escola às costas mais o saco da natação, foi a pior coisa que me podia ter acontecido naquela altura. Arrastei os pés, marreco do cansaço e do peso das mochilas. E lá subi. A dada altura, quando faltava cerca de um terço da subida e já se começava a avistar o topo… Parei. E olhei para cima. Este momento, foi um momento com nada de especial que o demarcasse de tantos outros na minha vida. Mas é um momento que até hoje recordo nos momentos difíceis. Olhei para cima e estive quase a desistir… a sentar-me e a não avançar mais um passo. Mas houve um pensamento que me fez continuar... Pensei:

- Daqui a um bocado, estas em casa descansadinho a ver televisão. E vais-te sentir bem como se não tivesse sido nada.

O desfecho é previsível… desisti e pernoitei no local….

Ok estou a brincar! Continuei que nem um maluco e cheguei a casa todo podre mas feliz da vida. Vinguei-me em três bolicaos e dois iogurtes e não pensei mais no assunto até à noite.

De noite quando me deitei na minha caminha senti-me tão, mas tão bem, tão relaxado e feliz, e dei por mim a pensar naquele momento em que me tinha sentido tão mal durante a subida. E espantei-me com a nova perspectiva com que abordei o referido momento. A vida afinal, depende sempre da perspectiva… do momento em que nos encontramos. A subida tão tortuosa que fora, era agora passado. E os meus lençóis de flanela eram o presente aconchegante. E senti-me feliz…

Ao contrário de qualquer outra recordação que passa, essa, por mais insignificante que tivesse sido, ficou. Pensei nela várias vezes ao longo dessa semana. Pensei outras tantas o resto do mês. E a verdade é que ainda hoje, de cada vez que se me depara uma dificuldade na vida penso naquele dia. Penso que podia ser pior! Podia estar ainda a dois terços da subida, e nunca ter chegado a casa. Mas não… estou melhor, sempre melhor. E se sofro sei que será temporário. Proibido é desistir. Sei que no cume estarão sempre os meus Bolicaos e os meus lençóis de flanela.

Hoje, novamente de uma outra perspectiva sei aquilo de que não me apercebi na altura: A vida é feita de muitas montanhas que precisam de ser escaladas. O sofrimento estará sempre presente, e nós dar-lhe-emos a importância que nos aprouver. Será sempre mais feliz quem souber valorizar os lençóis de flanela e os bolicaos. Quem atribui excessiva importância à subida, acaba por não viver. Eu escolho por subir e não desistir. E enquanto o faço e sofro, sei que ainda poderia estar naquele dia longínquo a dois terços da subida. Mas não estou. E sinto-me bem por já ter ultrapassado tantas coisas más. E continuo a sofrer sem desistir, pois sei que invariavelmente no topo estará uma só coisa: O Bom Sucesso!

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