quarta-feira, dezembro 29, 2010

Sem medo


Em casa tenho um gato. E esse gato não é feliz. Não é feliz porque tem medo de muita coisa. E tem medo de muita coisa, porque simplesmente não tem capacidades perceptivas suficientes para perceber como as coisas funcionam.

Tem medo de mim, porque estou constantemente a assusta-lo. Tem medo de sair à rua e conviver com outros gatos, porque nunca saiu de casa. Tem medo da minha viola e eu não toco assim tão mal… No fundo o gato não é feliz porque receia e desconhece todas estas coisas. Eu que estou uns degraus acima na escala de percepção relativamente ao gato, sei que nenhum dos medos que ele sente o coloca realmente em perigo. Sei que a viola não faz mal… a rua idem, e eu só assusto o gato porque gosto de pregar sustos.

E no outro dia, apercebi-me que todos nós somos como o gato. Somos infelizes, porque temos medos. Medo de morrer, medo de não sermos bem sucedidos. Medo de sermos rejeitados. Medo de chegar atrasados, medo de ser despedido, medo de ter medo…

Medo
O que (quase) ninguém se apercebe, é que estes medos não têm razão de ser. Nós simplesmente, tal como o meu gato, não conhecemos a abrangência e realidade de tudo o que interage connosco. Mas sinto…tenho quase a certeza, que não há motivos para ter medos. O facto de não sabermos o que é a morte, não implica que tenhamos medo dela. Não há razão para ter medo… viver angustiado e assustado, isso não é viver. Anda alguém a tentar pregar-nos sustos, isso é certo! Agora depende de cada um de nós decidir se queremos ser gatos assustados, ou se queremos ir dar umas voltas à rua…

Livre

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Obsolescência planeada

Imaginem que existiam automóveis que nunca se avariavam... Imaginem que os brinquedos dos vossos filhos eram inquebráveis… imaginem que as baterias dos vossos computadores ou telemóveis duravam meses a gastar e nunca se avariavam. Imaginem que tudo o que usamos era criado com um nível de eficiência e qualidade muito superior ao que na realidade temos no nosso dia-a-dia… Tal facto só não é possível devido à obsolescência planeada.

Este palavrão é a designação que existe para um dos (muitos) defeitos que existem no modo de vida ocidental (AKA capitalismo). É uma consequência directa da busca constante de lucro. 

Obsolescência planeada é a produção de qualquer bem material com pouca durabilidade e eficiência, com o intuito de que estes tenham uma duração curta e se desgastem e ou estraguem. Ou mais simples e directo, é inventar e produzir coisas fracas e defeituosas para que estas se estraguem. A wikipédia descreve-a desta maneira:

Mas quem é que tem interesse em produzir coisas que se vão estragar?

Curiosamente, toda a gente… Toda a gente que está interessada em obter lucro. Desta forma conseguem manter uma procura constante dos seus produtos e podem produzi-los com materiais mais abundantes e mais baratos (com menor qualidade)

A produção em massa só é rentável se existir mercado de compra. Se alguém inventa ou produz um produto tão bom que nunca se estrague, as pessoas deixam de ter necessidade de as comprar… Se se inventasse e produzisse um automóvel que durasse uma vida inteira sem ir à inspecção, sem se avariar, sem desgaste considerável, a empresa que o produzisse cedo iria à falência. Ou melhor, todo o mercado automóvel acabaria! Porque uma vez comprado um carro, nunca mais haveria necessidade de comprar outro e o mercado acabaria saturado.

Parece normal, não é? Afinal as empresas têm de vender… O absurdo é que isto constitui um entrave à evolução e promove um nível de vida baixo. Muito abaixo das possibilidades que o nosso desenvolvimento tecnológico e científico permitem… Para piorar as coisas, acresce o facto de isto tudo promover o desperdício… Gastar matéria-prima a construir coisas que se estragam, leva a ter de produzir outras coisas que se irão estragar. Consequência: Gastar mais matéria-prima. Desperdício de recursos, poluição, etc.

O absurdo é que é mais uma vez a procura do lucro o motivo principal para muito do que está mal está na sociedade. Se pensarmos e generalizarmos tudo o que acabei de referir, podemos chegar a outras conclusões chocantes. Basta pensar em termos de saúde, educação, produção e distribuição de alimentos, etc.

O que sucede é que muita gente continua a julgar que se o telemóvel avaria é porque não se pode fazer melhor do que aquilo. É assim que todos pensam. A nível cultural, é normal e inevitável. As coisas estragam-se mais tarde ou mais cedo…. Mas será mesmo assim que as coisas funcionam?

 Estranho este planeta não é?

Cimeira da NATO


Considerações gerais e aleatórias sobre a cimeira da NATO em Portugal:

- Existe muita gente (milhares) que ainda tem inteligência.

- Não existe liberdade de expressão em Portugal.

- As fronteiras do nosso país são tão livres como o meu cão quando o levo à rua de trela.

- Os políticos são tão boa gente e preocupam-se tanto com o povo que para andarem entre este, necessitam de carros blindados e centenas de gorilas para os proteger.

- As conferências de imprensa com o Obama, Cavaco e afins foram uma excelente demonstração de como se lambe devidamente o rabinho alheio.

- É incrível como ainda existe gente que sente orgulho por um evento destes ser realizado em Portugal.

- Tolerância de ponto… por causa destes FDP’s… Então mas não estávamos em crise?

- Para a próxima vão reunir para a terra do caralho mais velho? Assim evitam o transtorno dos transportes e as estradas serem cortados.

- Sou livre… mas não posso ir para o parque das nações… nem conduzir na segunda circular a determinadas horas…

Em jeito de conclusão: Viva a crise… e viva a liberdade…

E viva o petróleo


Este post que estou prestes a escrever é sobre algo que é por demais evidente. E se ainda não se aperceberam deste facto, é porque andam a dormir. Será sobre um produto em específico, mas é uma ideia que se pode aplicar a qualquer outro tipo de produto que conhecemos.

Os carros de hoje em dia só não são eléctricos porque isso acabaria com os lucros das muitas multinacionais que por aí proliferam. Neste momento continuamos a utilizar carros movidos a combustíveis fósseis, com todas as desvantagens inerentes a este facto… Poluição, preços de combustível incomportáveis para muito boa gente, guerra no médio oriente e conflitos internacionais onde quer que exista petróleo, etc.

O estúpido é que existem carros eléctricos à dezenas de anos. E por carros eléctricos não me refiro àquela ideia preconcebida que existe de um carro fraquito que só anda a 40km/h e não serve para mais do que ir ao café da esquina e voltar sem recarregar. Existem carros eléctricos tão bons ou melhores que os nossos. Que passam largamente os 120 km/h permitidos por lei e que têm uma autonomia de varias centenas de quilómetros sem necessitarem de recarregamento.

Simplesmente a ideia que ainda é transmitida amiúde, é que os carros eléctricos ainda não são bons o suficiente para o consumidor… Deixem-se disso. Não são bons de facto, mas é para os bolsos dos corruptos que lucram com o petróleo… (políticos, bancos, multinacionais).

Enfim isto é tão evidente que quase sinto que estou a perder tempo ao estar a escrever isto. Fiquem com este pequeno clip que é a apresentação de um documentário que já se realizou sobre o assunto… Mas vá-se lá perceber porquê, nunca passou na televisão…

A verdadeira Democracia


Ando para aqui a criticar a politica e a democracia, mas criticar é fácil dar ideias é que é difícil. Aplicá-las ainda mais.

Então se isto que temos não é uma democracia, o que seria então uma democracia? O mais perto que temos daquilo que eu entendo que devia ser uma democracia são os referendos. São perguntas mais ou menos objectivas, sujeitas a sufrágio e cuja decisão do povo é soberana. Os referendos seriam quanto a mim uma democracia mais verdadeira.

Andamos a eleger as coisas erradas! Não devíamos eleger pessoas! As pessoas são falíveis, corruptíveis e muitas delas egoístas e mal intencionadas. Não precisamos de ninguém para decidir por nós aquilo que é melhor para todos. Precisamos é de todos decidir e arcar com as consequências ou benefícios de cada decisão conjunta que fosse tomada.

Ao invés de pessoas, deveríamos eleger ideias! Ideias, projectos, propostas, etc. A verdadeira democracia seria não delegar estas decisões a terceiros. Cada um deveria ser livre de propor o que quisesse, mas só as ideias que fossem eleitas, seriam postas em prática… Não vos parece muito mais justo que tudo funcionasse realmente assim? Sem hierarquias, com o poder distribuído por todas as pessoas e não unicamente em meia dúzia delas?

Sei que parece uma ideia utópica. Mas só o é porque a “conjuntura” actual não tem interesse em mudar o que é tão benéfico para alguns. Mas é possível. Agora que temos a internet e está tudo à distancia de um clique. O governo do futuro poderia muito bem ser um site na internet. Onde qualquer pessoa do mundo poderia colocar lá uma ideia ou proposta, e qualquer outra pessoa poderia ir votar na ideia. E se o povo quisesse, se a proposta fosse da vontade da maioria, então seria posta em prática…

Simples e eficaz. É só uma ideia na minha cabeça fantasiosa e pensadora. Não é minha, nem sequer é a minha ideia de eleição sobre este assunto, mas é uma que gostava de partilhar com quem vem aqui e tem pachorra para ler isto. Porque na realidade existem alternativas a esta fantochada em que vivemos. Temos é que ter a mente e os olhos abertos.

Bom fim-de-semana 

Escravos


Inicialmente quando o ser humano ainda não tinha descoberto a agricultura, não havia excedentes de produção e como tal, não existia riqueza ou pobreza. Cada um apanhava aquilo que conseguia para comer. E para que tal fosse possível ajudavam-se mutuamente. Eram tempos em que a cooperação significava sobrevivência.

Posteriormente, com as melhorias técnicas e a revolução agrícola, começaram a existir os excedentes de produção. E com isso os ricos (os que tinham mais) e os pobres (os que tinham menos). Com o tempo foi-se enraizando na cultura humana que quem tem menos deve ser subalterno de quem tem mais. É natural… afinal se eles têm mais, vamos tratá-los bem para ver se nos calha alguma coisa.

Quando surgiu a pecuária, surgiu também a escravidão. E os escravos humanos, não são senão gado especializado. Gado que consegue fazer coisas que nenhum animal consegue.

Com o tempo e com a revolução industrial, chegou-se à conclusão que os escravos/gado humano, produziam mais quando tinham a ilusão de liberdade. Ou seja, tendo um horário de trabalho, “direitos cívicos” no trabalho, ordenado, etc. Os escravos amansaram, porque começaram a pensar que já não o eram… Mas a verdade é que ainda eram, ainda sou, e ainda somos… somos escravos do sistema monetário e económico. Escravos dos que têm muito só porque temos pouco (nada).

Somos escravos. E não se indignem ao ler isto mas é o que nós somos. E somos o pior tipo de escravos. Somos escravos e temos a ilusão que somos livres.

A diferença entre o mundo de hoje e o mundo do tempo em que a escravidão era legal é pouca.

Pessoalmente, sou da opinião de que para a sociedade subsistir, não é necessário existir alguém a mandar. Quem diz sociedade, diz empresa, grupo, clube, ou qualquer outra coisa onde há quem manda e quem é mandado. A hierarquia é simplesmente uma coisa primitiva e obsoleta que acentua as desigualdades e a estratificação social. Ou se quisermos, de maneira mais simplista, para esta trampa toda funcionar, não é necessário existir quem mande nos outros. A cooperação sempre me pareceu um método muito mais funcional e evoluído. E só assim acaba a escravidão.

Ao invés de cooperarmos, lutamos incessantemente uns contra os outros para sobreviver e obter um bocadinho mais. Ao contrário dos tempos da caça recolectora onde não existia  agricultura, já não é a cooperação, mas sim a competição que é indispensável à sobrevivência. 

Mas afinal, o que existe chega para todos… Chega para não haver escravos. Só que ninguém se apercebe… Somos todos gado amansado…
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